Comprar casa em 2025: avançar ou esperar por melhores condições?

4 fatores a ponderar antes de contrair crédito para comprar casa

Comprar casa própria é um dos compromissos financeiros mais importantes para uma família. Em momentos de instabilidade política ou económica, é natural que surjam dúvidas. Será melhor avançar já ou esperar por condições mais favoráveis?

Num contexto de incerteza económica e política, escolher o momento certo para comprar casa torna-se particularmente desafiante. A inflação elevada, as taxas de juro em máximos históricos e a constante pressão sobre os preços da habitação têm dificultado esta decisão nos últimos anos.

A grande questão para muitos é: avançar já no início de 2025, aproveitando a descida das taxas de juro, ou esperar para perceber se os preços das casas estabilizam e as condições do mercado melhoram? Antes de decidir, é importante identificar os fatores que mais influenciam o custo do crédito habitação e perceber como proteger o seu orçamento num cenário de incerteza.

4 fatores a ponderar antes de contrair crédito para comprar casa

Antes de avançar, é importante perceber como diferentes fatores — da taxa de juro às condições do mercado — podem afetar o nosso orçamento:

  • Taxas de juro: As taxas de juro influenciam diretamente o valor das prestações dos créditos à habitação. Em março de 2025, Euribor a 6 meses situa-se nos 2,331% e as previsões apontam para que possa descer um pouco mais, para cerca de 2% no final do ano. Para quem pretende comprar casa com um crédito com taxa variável, os juros mais baixos permitem iniciar o crédito com uma prestação mais acessível, o que reduz o esforço mensal e pode aumentar a capacidade de financiamento. Isto significa uma taxa de esforço mensal menor e menos valor de pagamento de juros ou, em alternativa, a possibilidade de ver aprovado um montante de crédito mais alto. Além disso, em contexto de taxas em queda, os bancos também tendem a apresentar propostas mais competitivas para captar clientes.
  • Mercado imobiliário: O preço da habitação continua elevado e não há sinais de descida. Entre janeiro 2024 e de 2025, os valores das casas registaram um aumento de cerca de 12% e, embora as previsões sejam de que esta trajetória se mantenha, poderá haver abrandamentos e flutuações dependendo da evolução económica.
  • Inflação, poder de compra e poupanças: Nos últimos anos, a inflação teve impacto nos custos de vida, aumentando os gastos mensais e reduzindo a capacidade de poupança das famílias. Isto afeta a margem disponível para suportar o crédito e dificulta a constituição de reservas que sirvam para a entrada inicial numa casa. A boa notícia é que o Banco de Portugal estima que a inflação continue a atenuar-se, chegando aos 2,3% em 2025 e aos 2% ao longo de 2026-27.
  • Condições bancárias: O acesso ao crédito continua dependente de critérios exigentes. A maioria dos bancos requer dos clientes bancários a capacidade de custearem uma entrada mínima de entre 10% e 20% do valor do imóvel e impõe geralmente que a sua taxa de esforço não seja superior a 30% do rendimento mensal. Em períodos de maior incerteza, algumas instituições podem ainda adotar critérios mais restritivos.

Perante este cenário, a melhor decisão dependerá do equilíbrio entre as condições do mercado e a realidade financeira de cada família.

Quem deve comprar casa agora e quem deve esperar?

A decisão de comprar casa ou esperar depende do perfil financeiro e das perspetivas de mercado. Aqui estão dois cenários típicos:

Quem poderá avançar já?

  • Tenho um contrato de trabalho estável, um salário certo e uma taxa de esforço confortável. A taxa de esforço (que corresponde à percentagem de rendimento mensal que é usada para pagar créditos e despesas fixas) manter-se-á abaixo dos 30% mesmo após contrair o novo empréstimo para comprar casa. Se tem dúvidas, use o simulador Twinkloo de taxa de esforço.
  • Já consegui poupar pelo menos 20% do valor da casa. A maioria dos bancos financia até 80% a 90% do valor de aquisição do imóvel, exigindo que o cliente assegure o montante restante com capitais próprios. Por isso, ter 20% poupados permite cobrir a percentagem do sinal ou entrada que o banco não financia, assim como outras despesas (impostos, escritura, comissões) que não devem ser esquecidas. Adicionalmente, estas poupanças podem permitir negociar melhores condições de crédito (por exemplo, um spreadmais competitivo) já que quanto menor o risco para a entidade bancária, maior a possibilidade de negociação.
  • Encontrei um imóvel abaixo do preço médio de mercado e consigo negociá-lo por um bom valor.

A modalidade de taxa de juro – fixa ou variável – que mais lhe convém é outro dos pontos a considerar antes de avançar. Optar por taxa de juro fixa ajuda a proteger a mensalidade de aumentos futuros, garantindo uma prestação estável ao longo do tempo do empréstimo. No entanto, num cenário de descida das taxas de juro, tende a encarecer o crédito, pois não permite beneficiar de futuras reduções.

Quem deve esperar?

  • Tenho um emprego incerto e ainda estou a pagar a prestação do carro.
  • A minha taxa de esforço vai torna-se muito elevada e não tenho fiadores.
  • O que consegui poupar é insuficiente para dar sinal e para suportar as despesas associadas à aquisição de habitação e ao respetivo crédito.

Neste caso, será preferível reforçar as poupanças, acumular mais capital e aguardar por tempos melhores. Quem sabe, daqui a um ano, poderá beneficiar de potenciais descidas das taxas de juro e de uma inflação mais suave.

Como resistir financeiramente a cenários incertos?

Independentemente da decisão, é fundamental estar preparado para diferentes cenários. Algumas estratégias incluem:

  • Aumentar a poupança: Ter uma reserva financeira protege contra imprevistos e melhora a capacidade de negociação do crédito. Uma boa meta é conseguir guardar um valor equivalente ao de pelo menos seis meses despesas fixas (idealmente 12 meses) antes de avançar para um crédito.
  • Reduzir dívidas: Quanto menor for o endividamento atual, melhor será a futura taxa de esforço e maior a capacidade de contrair um novo crédito, assim como de suportar oscilações numa futura prestação.
  • Simular diferentes cenários: Testar vários valores de prestação ajuda a perceber como as mudanças nas taxas de juro podem impactar o orçamento.
  • Avaliar alternativas: Se não houver urgência em comprar casa, considerar alternativas, como arrendamento ou mesmo investimento financeiro. Por exemplo, investir parte da poupança em ativos que rendam mais do que a percentagem da inflação pode ser um desafio, mas ajudar a proteger o valor real do dinheiro.

Avaliar com calma, simular diferentes cenários e planear com antecedência são passos essenciais para tomar uma decisão consciente e financeiramente sustentável.

Se precisar de apoio para simular diferentes cenários e encontrar as melhores opções de financiamento, conte com a Twinkloo.

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