Taxas Euribor: O que esperar da descida de junho de 2025?
Quanto poderá vir a pagar com a descida das taxas Euribor?
As taxas Euribor voltaram a descer em junho e aproximam-se agora dos 2%. A tendência poderá traduzir-se numa redução das prestações mensais em muitos dos contratos de crédito à habitação com taxa variável. Saiba como esta evolução pode afetar os diferentes contratos e, o que esperar nos próximos meses.
As famílias com a modalidade de taxa variável no seu crédito à habitação e cuja prestação seja revista a partir de julho poderá vir a refletir uma nova redução no encargo mensal, refletindo a recente descida das taxas Euribor em junho.
As taxas Euribor são atualizadas diariamente e reagem às expectativas do mercado sobre a política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Na reunião de 4 e 5 de junho de 2025, O Banco Central Europeu anunciou um corte de 25 pontos base nas suas taxas diretoras, decisão que entrou em vigor a 11 de junho.
Esta foi a oitava descida consecutiva desde junho de 2024. Estas decisões têm influência direta nas Euribor — usadas como indexante na maioria dos créditos à habitação com taxa variável — que voltaram a baixar, acompanhando a previsão de custos de financiamento mais baixos entre bancos.
Quanto poderá vir a pagar com a descida das taxas Euribor?
- Euribor a 6 meses: caiu para 2,044% - É usada em 47% dos créditos à habitação com taxa variável em Portugal.
- Euribor a 12 meses: recuou para 2,086%. Foi escolhida em 43% dos empréstimos com taxa variável.
- Euribor a 3 meses: fixou-se em 1,954%, abaixo dos 2% desde o final de maio. É utilizada em 3% dos contratos de crédito de taxa variável.
Em todos os prazos, estas são as taxas mais baixas desde finais de 2022 (até agora, junho de 2025).
Para quem tem taxa variável, esta evolução poderá refletir-se em prestações mensais mais baixas, com impacto positivo na gestão do orçamento. Eis o exemplo de um crédito de 150 000 €, a 30 anos, com um spread de 1 %:
- Euribor a 12 meses → a prestação passa a rondar os 639 €, menos cerca de 115 € face à prestação que tinha há um ano.
- Euribor a 6 meses → o pagamento mensal será de cerca de 636 €, sensivelmente menos 60 € face à revisão feita há seis meses.
- Euribor a 3 meses → o valor mensal reduz-se para cerca 629 €, o que significa uma poupança de 30 € face à última revisão trimestral.
A título de exemplo, o próximo corte de 60 € mensais (no caso da Euribor a 6 meses) representa uma poupança anual de cerca de 720 € — um alívio importante num contexto de pressão sobre os rendimentos familiares.
Para um crédito de 100 000 €, a poupança mensal será menor, mas ainda relevante. No caso da Euribor a 6 meses, a prestação cairá para cerca de 424 €, o que representa uma redução mensal próxima de 40 € e uma redução anual próxima de 480 € no orçamento familiar.
Como é calculada a prestação?
O valor mensal a pagar num crédito à habitação com taxa variável resulta da aplicação de uma taxa de juro composta por dois elementos: a taxa Euribor, que serve de indexante, e o spread, definido pelo banco no momento da contratação. Por exemplo, se a Euribor estiver nos 2 % e o spread for de 1 %, a taxa de juro aplicada será de 3 %.
Esta margem mantém-se fixa ao longo do contrato e depende de vários fatores, como o perfil de risco do cliente, o valor da entrada inicial, as garantias apresentadas ou a subscrição de outros produtos financeiros.
Mesmo com uma Euribor igual, dois clientes podem ter prestações bastante diferentes se os spreads forem distintos. Num crédito de 150 000 €, por exemplo, a diferença entre um spread de 1,0% e outro de 1,5% pode ultrapassar os 30 € por mês — o que representa mais de 10 000 € ao longo de 30 anos de empréstimo. Por isso, comparar spreads entre propostas é essencial na hora de contratar um crédito.
Uma vez definida a taxa de juro (Euribor + spread), a prestação é calculada com base nesse valor. O método mais comum em Portugal é o sistema de amortização francês, que inclui capital e juros em cada prestação. No início do contrato, pagam-se mais juros e menos capital; com o tempo, essa proporção inverte-se.
A prestação é revista com a mesma periodicidade do indexante escolhido: três, seis ou doze meses são os prazos mais comuns. Nessa altura, a taxa Euribor é atualizada e o valor da prestação ajustado em conformidade.
Descida das taxas Euribor não afeta todos os créditos
A descida da Euribor só tem impacto nos contratos com taxa variável – os únicos indexados a esta taxa. De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal, cerca de 58 % dos créditos à habitação em Portugal seguem este regime. A percentagem dos contratos de taxa mista ronda os 37 % e há ainda perto de 5 % com taxa fixa. Nos créditos mistos, o efeito só se verifica se o contrato estiver atualmente no período de taxa variável. Se está num contrato com taxa fixa ou num período fixo de um crédito misto, a prestação manter-se-á inalterada.
Será que a descida da Euribor vai continuar?
O BCE justificou a sua recente decisão de descida das taxas diretoras com o abrandamento da inflação, que desceu para 1,9% em maio, atingindo a meta definida para a zona euro (abaixo do limite de 2%). Por isso, e apesar da incerteza que marca o contexto internacional, vários analistas antecipam que o movimento de descida da Euribor poderá manter-se pelo menos até ao final do verão.
Se tem crédito à habitação com revisão agendada, confirme a nova prestação junto do seu banco. Acompanhar a evolução da Euribor permitirá antecipar revisões e gerir melhor o impacto no orçamento familiar. Se está a ponderar rever o seu crédito à habitação ou comparar condições, os especialistas da Twinkloo podem ajudá-lo a analisar as opções disponíveis e tomar decisões mais informadas, ajustadas à sua realidade financeira.