Endividamento: Como decidir bem em tempos incertos

Capacidade de endividamento e taxa de esforço

Num cenário de incerteza económica, avaliar a capacidade de endividamento e tomar boas decisões financeiras exige mais ponderação. Com a inflação, as taxas de juro e os custos de vida voláteis, é essencial identificar sinais de alerta e adotar estratégias de proteção do património.

Tudo parece estar mais caro em 2025. Desde 2022, quando o pico da inflação chegou aos 10%, que os custos da alimentação, energia, transportes e habitação dispararam, pressionando os orçamentos familiares.

Embora as prestações do crédito à habitação estejam a descer, graças à trajetória descendente da Euribor, comprar casa continua um desafio, com os valores por metro quadrado das habitações a serem avaliados a níveis recorde: em fevereiro de 2025, as avaliações eram 16% mais altas do que em fevereiro de 2024.

E mesmo com sinais de alívio — como a inflação a recuar para 2,4% (em fevereiro) e a expectativa de novas reduções nas taxas de juro bancárias até ao final de 2025 —, a incerteza persiste. Gerir o orçamento e tomar decisões económicas exige, por isso, atenção redobrada.

Como saber se o orçamento aguenta choques externos que não se controlam — como guerras, instabilidade política e climática ou riscos económicos globais? Ou se será mesmo esta a melhor a altura para pedir um crédito?

Capacidade de endividamento e taxa de esforço

Saber até onde pode endividar-se com segurança é o que distingue uma decisão financeira equilibrada de um erro difícil de reverter.

O conceito de capacidade de endividamento define o limite seguro para contrair dívida sem comprometer o equilíbrio financeiro e é um pilar fundamental da literacia financeira. Instituições como o Banco de Portugal e a OCDE apontam-no como indicador essencial da saúde orçamental. Ignorar este limite pode criar stresse financeiro e levar ao incumprimento de crédito.

Uma das principais formas de avaliar ou controlar o seu endividamento é através da taxa de esforço — ou seja, a percentagem do rendimento mensal líquido que é utilizada para pagar prestações de crédito.

O Banco de Portugal usa o conceito de DSTI (debt service-to-income ratio) e recomenda que o montante total das prestações não exceda metade (50%) do rendimento líquido (já depois de pagos impostos e contribuições obrigatórias para a segurança social). Contudo, os bancos, em geral, consideram que uma taxa de esforço prudente não deve exceder um terço (33%) do rendimento líquido familiar.

Por exemplo, para um agregado familiar com rendimento líquido mensal de 2.000 €, o total das prestações não deve ultrapassar 660 €. Se já houver um crédito automóvel com prestação de 300€, a nova prestação (como a de um crédito à habitação) não poderá exceder aproximadamente 360€.

A Twinkloo vai mais longe e integra no seu simulador de taxa esforço as despesas fixas mensais proporcionando uma avaliação mais completa e segura da capacidade efetiva de endividamento. Afinal, uma família pode ter um DSTI baixo (prestação baixa face ao rendimento), mas ter despesas fixas elevadas (água, luz, alimentação, educação, saúde, seguros, transportes). Nesse caso, a sua capacidade real de contrair mais dívida é muito menor do que o indicado pela DSTI.

Sinais de alerta sobre o endividamento

Identificar atempadamente sinais de alerta é fundamental para garantir que não ultrapassa a sua capacidade real de endividamento. Preste atenção a sintomas como:

  • Incapacidade de poupar;
  • Atrasos no pagamento de prestações ou serviços essenciais;
  • Uso de crédito para pagar outras dívidas;
  • Pressão constante sobre o orçamento familiar.

Nestas situações, é importante agir — renegociar créditos, consolidar dívidas ou pedir aconselhamento financeiro.

Créditos a mais? A consolidação pode ajudar

Para quem já tem mais do que um crédito e detetou sinais de alerta em relação ao seu endividamento, consolidar dívidas é uma opção a considerar. Significa juntar os vários créditos num único empréstimo, normalmente com uma taxa de juro mais baixa e (ou) um prazo de pagamento mais alargado. Esta solução pode aliviar o orçamento mensal, especialmente quando o risco de incumprimento começa a aumentar.

Ao unificar as prestações, torna-se mais fácil gerir o pagamento mensal e evitar atrasos — mas é importante avaliar se os encargos totais ao longo do tempo compensam.

Antes de avançar, vale a pena considerar:

  • Os créditos que tenho atualmente têm taxas elevadas? Nestes casos, consolidar pode representar uma poupança significativa ao longo do tempo. Por exemplo, se está a pagar taxas de juro acima de 10% em créditos pessoais e o crédito de consolidação oferece uma taxa mais baixa, a troca pode compensar.
  • Compensará prolongar o prazo de pagamento? A consolidação pode reduzir a prestação mensal e dar mais folga ao orçamento, mas implica pagar juros durante mais tempo. É preciso equacionar se compensa pagar menos por mais tempo.
  • Posso simplificar a gestão dos meus créditos? Consolidar pode facilitar o controlo financeiro ao juntar todas as prestações num único pagamento. Embora não deva ser o critério principal, pode fazer a diferença se a simplificação for acompanhada por uma redução da taxa de juro ou da prestação mensal.

Proteger a sua saúde financeira começa por tomar decisões informadas, ajustadas à realidade e às suas necessidades. Se está a ponderar contrair crédito ou reorganizar dívidas, analise o contexto, os custos totais e o impacto no seu orçamento. E lembre-se: decidir com clareza hoje pode fazer toda a diferença no futuro. Para avaliar a sua situação de endividamento e encontrar a solução de crédito mais adequada, conte com os especialistas da Twinkloo.

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